Comandante
do Estado-Maior Central das FARC-EP
Montanhas
da Colômbia
(resumo)
Não se equivoquem. Um processo de paz com as FARC
não pode ser secreto nem às costas do país, há de ser num cenário em que o povo
colombiano possa voltar a denunciar e conseguir, por fim, justiça por tanta
barbaridade sofrida.
Cada vez que os de baixo pronunciamos as palavras
democracia, justiça ou equidade social, se irritam furiosamente os poderosos capitalistas
que assimilam o crescimento de suas fortunas às custas dos demais cidadãos.
Tudo já está definido, repetem, presunçosos e zombeteiros. Isso, precisamente,
é o que discutimos.
O enriquecimento desaforado e selvagem
de uns poucos tem significado o aviltamento das condições de vida da maioria. E
o aparato estatal de governo, legislação, justiça e força desempenha o
exclusivo papel de esmagar o inconformismo ao preço que for. Por cima de tanta
infâmia midiática, nenhuma outra causa produz a guerra que se trava na
Colômbia. São essas as realidades que devem ser abordadas e situadas em vias de
solução numa mesa de diálogos.
Com essa convicção estamos dispostos a
conversar sobre a paz com o atual governo. Para que não se diga depois que as
FARC mentimos ao país. Não tememos, em absoluto, debater e demonstrar que têm
sido os grandes empresários do capital e da terra os que renovaram uma e outra
vez sua brutalidade carniceira, a fim de fechar grandes negócios sobre o sangue
dos despossuídos. Se um importante setor de investidores mostra interesse em
dar um passo para a paz, o acompanhamos. E muito alertas!.
No dia de sua posse, Santos balbuciou
acerca de sua intenção de diálogo com as FARC. Uns dias depois esmagava com
bombas o acampamento do Comandante Jorge Briceño. Durante mais de um ano abusou
com sua ficção da "chave da paz", o que não excluiu o ataque mortal ao Camarada Alfonso
Cano, o homem que levava mais a sério o assunto e movia o resto do Secretariado
a possibilitar contatos. Santos sabia muito bem disso, o que não o impediu de chorar
emocionado. A dupla moral sempre foi imputada a nós.
Por nossa parte, sentar e conversar não
significa nenhum tipo de rendição e entrega. A reincorporação à vida civil
implica e exige uma Colômbia diferente. O grande capital terá que assumir que a
realidade colocada pela crise requer uma mudança profunda em seu modo de atuar,
uma nova maneira de relacionar-se com os povos. Esperamos que seja esta a
vontade oficial, para encontrarmos a paz. Sem
mais cartas na manga, Santos.
Timoleón Jiménez
Comandante do Estado-Maior Central das
FARC-EP
Montanhas da Colômbia, abril de
2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário