sábado, 11 de maio de 2013

De onde vem a expressão que dá nome ao ato de repassar informações sem checá-las?

EMPRENHAR   PELO  OUVIDO

Conta a história que na noite de 23 de dezembro do ano de 428, Procus, arcebispo de Constantinopla, 
em sermão proferido na presença do patriarca Nestorius, declarou que Jesus Cristo teria entrado no seio da Virgem Maria e dele saído por via auditiva. Literalmente, assim ele se pronunciou: Le Christ est sortie du sein de la Vierge comme il y est entré, par l'ouïe - O Cristo saiu do seio da Virgem como entrara, pela via auditiva.
Ao adotar essa singularíssima concepção, desde o século 18 a Igreja de Madre de Deus no bairro de Recife, em Pernambuco, colocou um painel na primeira arcada à direita do altar-mor representando a Anunciação conforme a tese de 16 séculos e meio passados. Nele, dá para perceber o raio luminoso do Espírito Santo caindo sobre a orelha esquerda da Virgem-Mãe, fecundando-a.
Vem de longe, portanto, essa incrível lenda, tanto assim que atravessou o milênio e, até recentemente, a maioria das religiosas, freiras e monjas conservavam as orelhas ocultas por toucas, defendendo seu estado "donzelil" e assim evitando uma fecundação sobrenatural por meio de emanações, sonoridades e sopros, sine concubitu, sem coabitação.
Na atual linguagem popular, aquele que forma julgamento atendendo unicamente às informações orais, desacompanhadas de provas concludentes e positivas, diz-se que se emprenha pelos ouvidos. Muita gente, aliás, na pureza de sua ingenuidade, entra pelo cano ao aceitar o aparentemente inaceitável. Todo cuidado é pouco...
Fonte :A origem popular das expressões brasileiras

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