quarta-feira, 22 de maio de 2013

NÃO A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE

O governo brasileiro anunciou um convênio pelo qual pretende trazer mais de 6 mil médicos cubanos ao Brasil até 2015 para regiões “particularmente carentes”, segundo o ministro das Relações Exteriores. O fato está gerando um intenso debate na sociedade brasileira, quiçá por serem cubanos, os médicos.

Não restam dúvidas de que é mais uma das políticas paliativas do governo federal, que tem reduzido a cada ano os gastos do orçamento nacional destinado à área da saúde e realizado uma progressiva entrega dos serviços e da infra-estrutura pública da saúde à iniciativa privada.

Dessa forma, o projeto de “interiorização” da saúde no país atuaria apenas na superfície do problema, levando profissionais para o interior do país sem a estrutura necessária, deixando intacta a estrutura baseada no controle do complexo médico-industrial e farmacêutico da saúde, em que a existência do setor público serve como alicerce para a acumulação privada de capitais na área.

No entanto, com a divulgação da notícia, os setores mais conservadores da nossa sociedade começam a mostrar suas garras, utilizando como porta-voz principal o Conselho Federal de Medicina (CFM). Por trás de um falso discurso que preza pela qualidade da atenção à saúde, parte desses setores corporativistas escondem suas reais intenções de manter o poder e o mercado do complexo médico-industrial e farmacêutico sobre o sistema nacional de saúde, direcionando sua munição de mentiras e manipulações para atacar a política de contratação dos médicos cubanos, contestando sua capacidade técnico-científica, assim como difamando Cuba e sua sociedade socialista, utilizando para isso os meios de comunicação burgueses.

O perfil dos profissionais que virão ao Brasil é de médicos e médicas com ampla experiência internacional e de alto perfil técnico-científico. Sua chegada, ainda que trabalhem em condições precárias e inadequadas, modificará positivamente os indicadores de saúde das regiões onde irão atuar, principalmente em se tratando dos índices de mortalidade ocasionados por doenças infecto-contagiosas.

No entanto, a falta de recursos, de infra-estrutura, de centros de formação e de uma rede de saúde que permitam a atenção integral a toda população não vão se modificar um milímetro sequer. Apesar disso, a presença de médicos de Cuba pode desencadear uma mobilização sobre a necessidade de ampliar os recursos à saúde, da formação de recursos humanos e de uma infra-estrutura que permita uma atenção integral e de alta qualidade, somente possível com um sistema 100% público e estatal.

Sendo assim, críticamos a essência das políticas de saúde do governo Dilma, mas de defesa dos médicos cubanos, sem deixar em qualquer momento de divulgar ao conjunto da sociedade as reais intenções de mais essa política paliativa, que ao mesmo tempo que chama médicos e médicas altamente qualificados de Cuba para trabalhar em regiões sem a estrutura adequada, corta recursos da saúde e privatiza os serviços e a infra-estrutura da área.

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