As
grandes manifestações populares de protesto no Brasil derrubaram, na
prática, uma premissa cultivada pela direita e assumida também por
diversas organizações de esquerda – começando pelo PT e permanecendo com
seus aliados: caso fosse garantido “pão e circo” ao povo –
desorganizado, despolitizado, decepcionado com dez anos de governo
petista – este aceitaria mansamente que a aliança entre as velhas e as
novas oligarquias prosseguisse governando sem maiores sobressaltos.
A
continuidade e eficácia do programa “Bolsa Família” assegurava o pão. A
Copa do Mundo e seu prelúdio, a Copa das Confederações, e depois os
Jogos Olímpicos, garantiriam o circo necessário para
consolidar a passividade política dos brasileiros. Esta visão, não só
equivocada como profundamente reacionária (e quase sempre racista) ficou
destruída nestes dias, o que revela a curta memória histórica e o
perigoso autismo da classe dominante e seus representantes políticos ao
esquecerem que o povo brasileiro soube ser protagonista de grandes
jornadas de luta e que seus períodos de apatia e passividade alternaram
com episódios de súbita mobilização, que ultrapassaram os estreitos
marcos oligárquicos de um estado apenas superficialmente democrático.
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