quinta-feira, 10 de março de 2016

O NINHO DA JARARACA

“Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça. Bateram no rabo e a jararaca está viva como sempre esteve”.
A frase é do ex-presidente Lula em pronunciamento público após prestar depoimento à justiça (?). Entre choros e bravatas, Lula disse que vai para as ruas, realizar manifestações, em outras palavras, lutar para não ser preso e, de quebra, tentar salvar o natimorto governo Dilma.
Onde esteve o ex-presidente nos últimos 5 anos? Por que não foi para as ruas quando o governo do seu partido despejou bilhões de reais para o agronegócio? Quando foi aprovado o Código de Mineração que favorece as multinacionais? Para combater o pagamento de R$ 1 trilhão para os rentistas, com base numa inexistente dívida pública? Quando das privatizações? Da entrega do Pré-sal?
Motivos não lhe faltaram. Faltou, como o próprio Lula dizia antigamente, “vontade política”. Ele não tem mais (será que teve algum dia, ou foi oportunismo?) “vontade política” de lutar ao lado dos trabalhadores, dos operários, dos camponeses, dos oprimidos. Desde 2002, no mínimo, escolheu outras companhias.
E no ninho das outras companhias a jararaca foi buscar apoio: na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros, ponta de lança da Agenda Brasil, nefasta relação de projetos de lei a favor do capital. Apontado por vários delatores com um dos integrantes da rede de corrupção do Lava-Jato, é figura conhecida na política nacional por inúmeras denúncias.
Segundo a mídia empresarial, o ex-presidente reuniu-se com cerca de 25 senadores, muitos dos quais denunciados por envolvimento com a corrupção, para tentar costurar apoio da base aliada, tanto para ele quanto para o governo. Na ocasião, recebeu de Renan Calheiros um exemplar da Constituição, uma denúncia explícita contra a condução coercitiva a qual foi submetido. Agora ele é vítima da submissão à burguesia que tanto emulou nos últimos 13 anos.
Na quarta-feira (9), Lula foi acusado pelo Ministério Público de São Paulo de estelionato, falsidade ideológica, organização criminosa e lavagem de dinheiro pela suposta compra do tríplex em Guarujá.
A presidente Dilma também se mexeu. Reuniu-se com os líderes da sua base com o mesmo objetivo. Entre os presentes estava o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o partido sob o qual pesam mais denúncias e prisões por corrupção.
No meio das jararacas apareceu uma sucuri: o senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato derrotado à Presidência da República, foi delatado pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS). É a quinta vez que o nome dele aparece em denúncias de corrupção. Não ganhou a eleição, mas é penta!

Astrojildo Saldanha

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