Vivemos em um mundo de aparências e ilusões. Um mundo de exibições forjadas e de pessoas que as compartilham por questão de status. Um mundo onde cada um rotula em si mesmo a máscara da perfeição, sem saber de que nada vale as inúmeras tentativas de viver uma vida que não foi feita para ser vivida. Mas somos persistentes, jamais desistimos. Insistimos nessa vida fútil e não cansamos de enganar a nós mesmos ao postar uma bela frase no Facebook, ou uma excelente fotografia escolhida a dedo no Instagram, mesmo sabendo que ambas não conseguem cobrir o imenso vazio que cresce constantemente, dia após dia, em nossas almas
Vivemos em um mundo no qual o corpo bem definido vale mais do que a aparência que realmente deveríamos ter. Um mundo em que academias e salas médicas de cirurgia corporal se tornaram a nossa segunda casa (se não a primeira). E mais do que isso, fazemos regimes alimentares que extrapolam os limites do nosso corpo, só para ter aquele tão sonhado físico agradável.
Vivemos em um mundo repleto de pessoas que falam, mas não ouvem, que sorriem por fora, e que são tristes por dentro. Que aprendem uma série de novos idiomas, que possuem uma lista de graduações e conquistas acadêmicas, mas que não têm paciência com o idoso cadeirante que as impedem de se locomover numa calçada. Pessoas que julgam sem saber de fato o que se passa com o outro, que humilham e desprezam o indigente, que ignoram as barbaridades tão frequentes apenas porque não aconteceram com elas. Pessoas individualistas, desumanas e que parecem viver numa bolha intransponível, isoladas de tudo o que não lhes interessa.
Paulo Guerra
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