quarta-feira, 24 de março de 2010

DE OLHO NO RETROVISOR

LADRÃO É LADRÃO, NÃO IMPORTA O TAMANHO DO ROUBO
Outro dia, ao chegar ao Rio de Jane iro, tomei um taxi. O motorista, jeito carioca, extrovertido, foi logo puxando papo, de olho no retrovisor.

- A senhora é de Brasília, não é?

- Sim - respondi.

- É, eu a reconheci. E como é que a senhora aguenta conviver com aqueles ladrões lá do Planalto Central? Não deve ser moleza.

O sujeito disparou a falar de políticos, do tanto que eles são asquerosos, corruptos... Desfiou um rosário de adjetivos comuns à politicagem nacional.

Brasília é o palco mais visível dessas mazelas e nem poderia deixar de ser. Afinal, o país inteiro olha para lá. O taxista era só mais um crítico, aparentemente atento.

Ele sabia dar nomes aos bois que pastavam tranquilamente no orçamento da união, que se espreguiçavam impunemente sob a sombra da imunidade parlamenta ou de leis feitas em benefício próprio.

E que, de tempos em tempos, se refrescavam nas águas eleitoreiras.

O carro seguia em alta velocidade; a distância parecia esticada. Vi uma bandeira três disparada.
Lá pelas tantas, quando já estávamos dentro de um segundo túnel escuro, o condutor falante sugeriu um "dia sem corrupção".

- Já pensou - disse ele - se uma vez por ano esses homens não roubassem?

- Interessante - a exclamação me escapou aos lábios.

- Sim - continuou entusiasmado -, seria uma economia e tanto.

Nessa hora me dei conta de que estávamos percorrendo o caminho mais longo para o meu destino. Chegava a ser irracional, a quantia de voltas para acertar o rumo. Deixei.

- Os economistas comentam - tagalerava ele - que somos um país rico. Não deveria existir déficit da previdência, os impostos nem precisariam ser tão altos, o serviço público poderia ser de primeira. O problema é que quanto mais se arrecada, mais escorre pelo ralo, tamanha a roubalheira.

Tão observador, será que ainda se lembrava em quem tinha votado para deputado ou senador na última eleição?

Fiz a pergunta e, depois de algum silêncio, a resposta foi não. Pena..

Caímos num engarrafamento, cenário perfeito para aquele juiz de plantão tecer mais comentários sobre o malfeito.

- Veja como são as coisas, os riquinhos ociosos da Zona Sul, que deveriam pensar em quem tem pressa, acham que são donos do pedaço e vão embicando seus carros, furando fila, costurando de uma faixa a outra, querendo levar vantagem. A gente, que é motorista de táxi, tem que ficar atento, porque os guardas estão de olho, qualquer coisinha eles multam. Mas eles fazem vista grossa para as vans que transportam pessoas ilegalmente. Elas param onde querem, estão tomando os nossos passageiros. Como não tem ônibus para todo mundo e táxi fica caro, muita gente prefere ir de van.

Por falar em "caro", a interminável corrida já estava me saido um absurdo... Resolvi pontuar algumas coisas.

- Por que o senhor escolheu o caminho mais longo?
Ele tentou justificar:

- É que eu estava fugindo do congestionamento.

- Mas acabamos caindo no pior deles - retruquei. E por que o senhor está usando bandeira três se não tenho bagagem no porta-malas nem é feriado hoje? - continuei questionando.

Ele disse que estava na três para compensar a provável falta de passageiro na volta. Claro que não, eu sabia.

Finalmente, consegui chegar ao endereço pretendido. Fiz mais um teste com o "probo" cidadão: paguei com uma nota mais alta e pedi nota fiscal.

Ele me devolveu o troco a menos e disse que o seu talão de notas havia acabado.

- Veja como são as coisas, seu moço - emendei. O senhor veio de lá aqui destilando a ira de um trabalhador honesto. No entanto, se aproveitou do fato de eu não saber andar na cidade, empurrou uma bandeirada, andou acima da velocidade permitida, furou sinal, deu voltas, fingiu que me deu o troco certo e diz que não tem nota fiscal!

O brasileiro esperto quis interromper, mas era a minha vez de falar.

- O senhor acha mesmo que os ladrões são aqueles que estão em Brasília? Que diferença há entre o senhor e eles?

Eu sabia que estava correndo o risco de uma reação violenta, mas não me contive.

Os "homens" do Planalto Central são o extrato fiel da nossa sociedade. Quantos taxistas desse porte vemos dirigindo instituições? Bons de discurso... Na prática...

Desembarquei com a lição latejando em mim. Quantas vezes, como fez esse taxista, usamos espelhos apenas c retrovisor para reter histórias alheias?

Nossas caras, tão deformadas, tão retocadas, tão disfarçadas, onde estão? Onde as escondemos que não aparecem no espelho?

Sem a verdade que liberta, jamais estaremos livres de nós mesmos.

Ainda sonho com um Brasil de cara nova... A começar por minha própria cara.



Delis Ortiz é jornalista, repórter especial da TV Globo, em Brasília.

domingo, 21 de março de 2010

FRASE DO DIA

"Na vida, não existem soluções. Existem forças em marcha: é preciso criá-las e, então, a elas seguem-se as soluções."
[ Antoine de Saint-Exupéry ]

sábado, 20 de março de 2010

TABLOIDE A- CENTELHA

MORENO- PE Nº 25 - ANO III - MARÇO DE 2010

UNIÃO DOS ESTUDANTES DO MORENO

União dos estudantes do moreno ( UEM).

Nova entidade surge em Moreno, com o objetivo de ser um grupo cooperador dos estudantes, assumindo o desenvolvimento e recomeço ds lutas pelos direitos, com justiça e respeito á classe estudantil, reconhecendo o estudante como sujeito co-rsponsável pelas mudanças sociais, indispensáveis á sociedade na construção de um mundo melhor.

A nova entidade conclama todos os jovens morenenses a se unirem ao Movimento Social que nasce do seio do Povo e que quer trabalhar para o Povo, se comprometendo somente em contribuir para o bem comum de todos os morenenses.

Matéria editada no tabloide a-centelha de março/2010

COMENTÁRIO: Manoel Santos

Parabéns a nova entidade, já estava em tempo de alguém tomar a iniciativa de defender e valorizar esta classe, e que tal começar resgatando e valorizando o prédio da ALSEM, que se encontra hoje numa situação que faz vergonha não tão só a nossa classe estudantil, como a nossa cidade como um todo.


FRASE DO DIA


"A mulher é uma substância tal, que, por mais que a estudes, sempre encontrarás nela alguma coisa totalmente nova." [ Leon Tolstói ]

quinta-feira, 11 de março de 2010

MÁRIO QUINTANA


...'A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.


Desta forma, eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,

pois a única falta que terá,

será desse tempo que infelizmente não voltará mais.'

Mário Quintana

segunda-feira, 8 de março de 2010

m
Ontem

Ontem , Chorei
na intimidade da minha força
hoje não sei se vale a pena sorrir
lamentar também não,
pois tudo o que eu mais quero
é , exatamente o que eu não tenho: VOCÊ


Artur Negromenti

segunda-feira, 1 de março de 2010


"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a
que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no
limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e
entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
vez, com outro
número e outra vontade de acreditar que daqui pra
diante vai ser diferente"

(Carlos Drummond de Andrade)