sexta-feira, 1 de julho de 2011






O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez am quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que antes nunca tinha visto,
E sinto o pasmo essencial
Que tem uma criança que, se ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...



Creio no mundo como um malmequer;
Porque vejo. E não penso nele
Porque pensar é não compreender...



O mundo não se fez para pensarmos nele
(pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...



Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo da natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...


Amar é a eterna inocência, e a única inocencia é não pensar...


Alberto Caeiro

















Nenhum comentário:

Postar um comentário