quarta-feira, 12 de agosto de 2020

INFANTILISMO DA ESQUERDA

 

O ex-presidente uruguaio José Mujica fez uma análise crítica sobre a esquerda atual. Em entrevista ao veículo argentino Infobae, ele afirmou que existem dilemas permanentes e que a esquerda tende a cair no "infantilismo".

"Há sempre uma atitude conservadora e uma atitude de solidariedade de mudança que se expressam de acordo com os valores da época. Agora, no que chamamos de esquerda há opinião demais, cai no sectarismo, torna-se dogmatizada", afirmou. "Tende a cair no infantilismo, confundindo o desejo com a realidade. A direita conservadora também serve a um propósito útil porque não é ele pode viver mudando o tempo todo. Mas quando refina demais seu conservadorismo cai no reacionário, no facistóide. Esses dilemas estão permanentemente no ser humana."

Mujica voltou a criticar a forma como pessoas foram retiradas das condições de extrema pobreza apenas para se tornarem consumidores melhores e não verdadeiros cidadãos.

"Não dá para acreditar no grau de domesticação que a mercadoria nos impôs. Tiramos muita gente da pobreza extrema, mas não os tornamos cidadãos: os tornamos consumidores melhores. A culpa é nossa", acrescentou.

Em uma análise sobre história, Mujica afirmou que a esquerda tem um problema "congênito".

"Franco morreu na cama porque a esquerda se dedicou muito mais à luta interna do que a enfrentá-la no momento preciso", disse. "Hitler chegou à presidência porque os queridos camaradas social-democratas e os queridos camaradas comunistas se dedicaram mais a eles mesmos do que a frear o outro. Desde a Revolução Francesa, é quase uma lei. E parece que a gente não aprende. Os de direita se unem por interesses, e a esquerda luta por ideias", enfatizou.

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